hoje de manhã apanhei um trânsito completamente palerma para o trabalho. Av. de ceuta com 2 faixas cortadas de cada lado, um aparato de poícia e eu a pensar que era algum carro de governo e já estava a xingá-los, que aquilo não era hora de estar a passar e atrapalhar, passassem mais tarde ou deixassem de ser mariquinhas cheios de polícia. Quando vejo um com um intercomunicador e a olhar para cima, ali perto do Viaduto Duarte Pacheco.
Olho também e vejo um suícida, já do lado de fora, pendurado nas redes e já sem sapatos (reparei nisto não sei bem porquê).
A sensação é horrível, um arrepio pelo corpo, está ali alguém, a uns metros acima de mim, que quer morrer, que desistiu. O aparato é tal igual ao dos filmes (só um pouco mais low profile, não há sirenes nem holofotes). É impossível ficar indiferente à situação isso garanto, por mais insensível que se seja.
Continuei a minha viajem, primeiro aparvalhada e chocada, depois surgem os pensamentos, a eterna discussão do está errado deisstir, ente o "não tem direito de fazer isso" ou o "tem muita coragem por se conseguir matar".
Confesso ser mais da primeira hipótese, de as pessoas não poderem desistir, se não for por elas que seja pelas restantes de quem ele faz parte na vida, há uma mãe, uma mulher, um filho, um amigo que não têm o direito de sofrer assim porque ele não quer mais, as pessoas não estão sozinhas no mundo.. Mas depois soa a crítica muito pesada, penso. Sim pois é, se calhar não posso ser tão ríspida, mas coragem nunca posso achar. Desespero? Talvez.
Estava eu nestes pensamentos altamente filosóficos, e muito compenetrada, quando sou ofuscada!
Ofuscada, quase que ceguei, com uma criatura que decidiu sair à rua com um blusão prateado, cinto prateado e mala dourada, mas tudo num tom muito vivo, não há cá dourados velhos que isso é para meninos. E o meu raciocínio erudito foi substituído pelo pensamento fútil, do "como é que é possível alguém sair assim à rua? estas coisas é que eles deviam ensinar nos morangos com açucar, a não misturar prateado e dourado, assim desta forma!!!" Não há direito de danificar os meus belos olhos assim logo de manhã, e depois de uma visão traumática!
Já recomposta, resta-me dizer que espero que o senhor sucida desista e perceba que vale muito a pena viver!!
nica