terça-feira, março 30, 2010

a minha geração

a minha geração é a geração dos mil euros. sais da faculdade e o teu ordenado será mil euros, sejas tu advogado, médico, relações públicas, engenheiro, o que seja e levas mil euros.

se tiveres sorte tens mil euros com contrato, caso contrário com recibos verdes, mas ainda assim agradece muito.

Dizem que somos a geração dos ingratos e dos mimados. Que não estamos habituados ao sacrificio. Que nos faltou uma revolução, uma guerra, um regime, ideais para que nos identificassemos e por quem lutassemos. enfim que somos vazios de conteudo.

No entanto, é à minha geração que se pediu há poucos anos que apertássemos o cinto. Que nos pedem que trabalhemos sem condições e seguranças, que aceitemos os recibos verdes e o descrédito profissional, porque em epoca de crise o que interessa é manter o trabalho e levar o país para a frente.

Pelos ideais dos outros apertámos o cinto, comemos e não refilamos, nós os mimados. Com o nosso trabalho, e ainda somos tão pequenos, aguentamos o peso dos mais velhos, apesar de termos perdido muitos dos direitos na nossa educação e formação.

Agora, com o cinto apertado e sem as regalias de um contrato, exigem-nos o novo esforço, que abdiquemos de mais, que cumpramos os PECs e afins, e lá se vai a ultima casa do cinto.

A minha geração pode não ter ideiais, mas sustenta os ideiais dos outros. A minha geração não é preguiçosa, é uma lutadora e por causas que não são as suas. Se isto não é estar habituado ao sacrificio então não sei que diga.

À minha geração pouco mais é permitido que sonhar, sonhar que esta fase vai passar.

nica

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