quarta-feira, maio 07, 2008

Lá na minha rua

Moro em lisboa, pleno centro da confusão (adoro!) e lá em baixo, há uns daqueles caixotes de lixo grandes para reciclagem
.

que normalmente, até ás 23h estão o caos (os senhores da câmara passam depois da meia noite). É que a maioria das pessoas que lá vai deixar os cartões, papéis, garrafas e plásticos (pela quantidade de coisas, são várias e ainda bem) ficam cansadas só com a boa intenção, ou seja, aproximam-se da respectiva côr (grande começo!) mas perdem toda a vitalidade na hora de colocar o lixo dentro do lixo! Resultado, fica tudo amontoado, ali encostado, maioria das vezes entornado e/ou espalhado (porque faz vento lá na minha rua... coisa estranha!).

Mas lá onde eu moro, também há um senhor (O "Senhor-Reciclagem") que tem assim por volta dos 50 anos, barba e óculos e costuma aparecer bem vestido, de blazer ou mesmo fato completo. Vem de um dos prédios novos (não sou "mirones", a coincidência é que me faz escrever este post), com o seu lixo doméstico, e agora topem a diferença (que faz dele a melhor pessoa anónima que eu conheço, protagonista desta história que ninguem me contou, fui eu que vi, já várias vezes): chega aos monstros coloridos (só podem meter medo, muito medo ao resto da vizinhança), separa o lixo dele, facilitado pelos 3 sacos que ele já separou em casa (esta não vi lolol) e a seguir inicia a longa mas calma tarefa de SEPARAR E "ARRUMAR" o lixo que os outros abandonaram, vítimas duma canseira extraordinariamente pontual. É que parece mesmo que é da equipa dos senhores da câmara, que já só têm que encaixar o gancho no camião e puxar a alavanca.

Isto não é coisa do outro mundo???

Este senhor é só a boa-pessoa mais querida e fofa que já vi!!

Então ontem "encontrámo-nos" lá na rua: ele a reciclar vezes mil e eu a fumar o ultimo cigarro da noite, muito quietinha, a sentir-me tão diferente dele: porque não o faço (é que nunca me passou pela cabeça desmanchar os caixotes de cartão dos outros) e porque não fui lá ajudar. É uma situação complicada, "Olhe desculpe, quer ajuda?" ou "Ía a passar e não resisti" ou ainda "Não sou capaz de não dividir essa boa acção consigo, posso?". Não era complicado. Mas eu não fiz nada. Só passei, sorri e disse "Boa noite" (um bocado pateta, do género "Olá tudo bem por aí no meio do lixo?") e o senhor respondeu "Boa noite vizinha". Aí caí em mim... Socorro! Será que ele pensa que eu sou uma das tais vizinhas(os) que lhe dá tanto trabalho?? Juro que não! Não sou o exemplo máximo da reciclagem, ainda estou lá atrás, no tempo em que só havia vidrão (uma vergonha quando comparada com o macaco da tv...) mas juro querido senhor que quando o faço oiço com gosto as garrafas a bater lá no fundo!

Fui para casa com a certeza de que há pessoas fantásticas, e uma está lá, na minha rua! :)

***Ju

5 comentários:

Unknown disse...

Não resisto a comentar. Também moro em frente desses caixotes (mas não são os mesmos!). Primeira impressão: maravilha para a minha reciclagem!! Segunda e derradeira impressão: estão sempre sujos, cheios, cheiram mal que se farta, manutenção = zero, são raras as vezes em que consigo chegar às aberturas para deitar o respectivo lixo, tamanhas são as montanhas que as pessoas deixam no chão. Era bom fazer um apelo. Ali não se deve deixar lixo comum, mas sim cartão/papel; plástico/embalagens e vidro! Isto porque até sofás deixam lá a frente... Ainda não desisti de reciclar, mas já estive mais motivada. É mesmo preciso persistência para não desistir de reciclar neste país!

Ana Pessoa disse...

macaco = gervasio

caixotes grandes = ecoponto

;)

xxx

A

Unknown disse...

Ah! Parabéns ao sr. que mora na tua rua e que, para além de não desistir de reciclar, ainda dá lição de como os outros devem fazer e não fazem! O lixo é dentro do contentor, quando cabe... e não vale a pena deixar lixo que não pode ser reciclado!
bjo***lau

Coisas de Xicas disse...

Ju, grande vizinho, hein?

Aposto que o senhor viu logo que não eras daquelas que deixa pra li o lixo espalhado, senão tinhas ficado bem envergonhadinha.

A Catumbela é bem liberal nesse aspecto, nem um caixotinho, nem caixote, qt mais ecoponto! É mesmo montinhos por aí espalhados que alguém irá apanhar...um dia.

Mas ao pé da minha casa era igual, sempre cheios e sem muito cuidado, é verdade. É triste, querem impor as regras mas depois não fazem por isso...

Ritz

Coisas de Xicas disse...

E-CO-PON-TO!!

Q vergonha again, vou chamá-lo sempre q o vir p nunca mais me esquecer :)

Obrigada Ana!! (Gervásio é nome não irá ocupar espaço na minha memória mirradinha lol)

Lau, n desistas que ainda podes ser a pessoa fantástica do mundo de alguém ;)

Ritinha, infelizmente sabemos q a Catumbela (como outras "Belas") em África são casos especiais... mas nunca se sabe se podes fazer a diferenças c a implementação dos caixotes-simuladores de ecoponto :)

bjsss