um caso da vida

Tive o prazer de partilhar a minha hora de almoço com o "Ilídio", o songoku dos tempos modernos, que nos congratolou com a sua história de vida, que descrevo de seguida.

o Ilidio, quase artista de variedades, (nome ficticio para proteger de possiveis investidas de reporteres ou coisa parecida), é uma pessoa que hoje, com 27 anos, nos conta o momento poético da sua vinda ao mundo. Nasceu, em plenos anos 80, ali perto da Almirante Reis, em sua casa, na mesma cama onde nasceu seu pai, uns bons, calculo, que sejam 35 anos antes.

O seu nascimento, ao estilo medieval, foi efectuado por seu pai (o tal da cama), um engenheiro de serralharias (podia ser médico mas não, nada a ver), que ajudou a mãe e inclusivé cortou o cordão umbical (a parte de como resolveram o tema da placenta ainda não está bem definido, vai na volta aí foram a um hospital), sem a ajuda de parteira (afinal de contas os tempos evoluíram e essas pessoas já não existem em Lisboa).

Passados 27 anos, o Ilidio conta-nos esta história, num pitoresco restaurante Nepalês rodeado de lambril de azulejos e com uma nepalesa que não sabe dizer ananás e um nepalês que não sabe dizer frango com manga em português fluente), ainda crente que esta é de facto a natureza do seu nascimento.

Questionado pelo porquê em casa, afirma que não tiveram tempo (recordo que o local foi na Almirante Reis, em LISBOA) e que isso é normal quando existem bebés a nascer em autoestradas, porque não poderia acontecer há 20 anos atrás? Confrontado com o facto de todos termos nascido na mesma altura e em hospitais (equisitinhos nós) e que os que nascem em abulâncias têm um percurso maior a percorrer, Ilidio tranquilo responde "A mãe não mente". Ficámos sem argumentar, não pela falta de argumentos, mas porque o riso não nos permitiu...

Mais acrescenta, que nasceu loiro e de olhos azuis.. Aí descambou tudo, uma vez que Ilidio não podia ser mais moreno do que aquilo que é... Reafirma "porque é que a minha mãe me ía mentir??".

Não sei Ilidio, só ela pode responder a isso, mas proteger-te dessa forma do mundo exterior não é boa opção, afinal de contas, já passaram 27 anos, já és um rapazote!

Ilidio, ateu e muito de acordo com a sua origem pseudo-medieval, afirma que acreditar em Deus é para meninos, no entanto, acreditar que uma pessoa morena nasce loira de olhos azul (nórdico no seu melhor) e em casa porque não há tempo, com o pai serralheiro, isso sim é informação totalmente credível...

Não vale a pena pressionar-me para revelar a verdadeira identidade de Ilidio, songoku dos tempos modernos, (a menos que se dirigam a mim com uma nota), aproveitem apenas para disfrutar deste momento que vos proporciono. Ilidio não te aborreças comigo, que gosto de ti apesar dessas tuas ideias e convicções dificies de partilhar... Porque o mundo é de facto cruel com pessoas tão sonhadoras,a conselho-te uma abordagem à mãe para repores a verdade no teu coração, diz-lhe que não te chateias com ela, conselho de amiga

Nica