quarta-feira, maio 19, 2010

custa, mas tem que ser

tenho uma queimadura de um ferro de engomar, a ocupar uma grande superficie do meu braço direito, e que está a interferir com a minha pessoa, e é uma chatice

não, não é porque me doi, aliás não me causa qualquer dor, mas pelo olhar de nojo, algures entre o não-sei-se-vomite-ou-se-corra-na-direcção-contrária-à-dela, com que as pessoas me olham. Olham para uma queimadura como se fosse lepra, se pegasse, de olhos arregalados.

Mas com o desdém dos outros e as náuseas que lhes causo posso eu muito bem.

Aquilo que interfere mesmo comigo é quando as pessoas, encostadas à parede e a ver onde estão as portas, me perguntam como é que aquilo me aconteceu, e eu respondo que foi com um ferro de engomar, e eu oiço os seus pensamentos "ai coitadinha, ele queima-a..." e eu percebo e acrescento, prontamente, "tinha posto o ferro a aquecer, esqueci-me e abri a porta do frigorifico e fui com o braço ao ferro", e eles voltam a pensar "ai tão novinha.... a protegê-lo, ao canalha... se calhar tem medo que ele lhe faça pior se sair... coitadinha"

Não amigos, lamento, mas eu não sou vitima de violência doméstica, actividade doméstica para mim é sinónimo de mazelas no corpo...

temos que encarar as coisas como elas são, e não arranjar falsas-verdades de vitimização para tapar o sol com a peneira, eu já o aceitei, o meu namorado também, falta apenas a sociedade (meus queridos, eu sou aquela que já pegou fogo à própria roupa a fazer café no fogão), eu nunca serei uma dona de casa perfeita. Eu, lide doméstica e segurança nunca vamos estar juntos na mesma frase...

sempre foi assim, quando era pequena, continua e será assim para todo o sempre, mentalizem-se

nica

1 comentário:

Ana Pessoa disse...

ahahahahahahahahahaha